Em um mundo cada vez mais digital, a confiança do usuário é o pilar que sustenta o crescimento das fintechs. Para prosperar neste cenário, as empresas precisam unir inovação e segurança em um só propósito.
Nos últimos anos, observamos um verdadeiro boom no ecossistema financeiro brasileiro. Entre 2016 e 2022, surgiram mais de quinhentas fintechs, e os investimentos em 2021 atingiram US$ 9,4 bilhões, com 40% destinados exclusivamente a essas startups.
No primeiro semestre de 2024, a América Latina registrou gestões de US$ 800 milhões em 83 negócios, dos quais 66,7% foram para empresas brasileiras. Esse cenário de expansão sem precedentes gerou oportunidades incríveis, mas também revelou lacunas críticas de proteção digital que ameaçam a imagem e a saúde financeira das organizações.
O Brasil figura como um dos países mais atacados globalmente, com 60 bilhões de tentativas de invasão em 2023. Em março de 2025, 38% dos brasileiros enfrentaram golpes ou tentativas de fraude bancária.
Um caso emblemático foi o vazamento do Banco Pan, em abril de 2022, que expôs dados de mais de 13 milhões de clientes, incluindo CPF, número de cartão e limite de crédito. Esse episódio ilustra como vazamento de informações de clientes mina a credibilidade de qualquer instituição.
O custo médio de uma violação de dados no Brasil alcançou US$ 1,36 milhão em 2024, o que demonstra como ameaças sofisticadas e frequentes podem comprometer a sustentabilidade financeira.
Com a crescente onda de ataques, a cibersegurança tornou-se prioridade para o sistema financeiro nacional. Entre 2025 e 2028, o Brasil investirá R$ 104,6 bilhões em segurança digital, um acréscimo de 43,8% em comparação ao ciclo anterior.
As gestoras de recursos brasileiras também intensificaram suas ações: houve aumento de 23,94% no número de participantes em iniciativas de segurança e crescimento de 57,69% de instituições engajadas em 2024. Além disso, equipes internas cresceram em média 29,3%, mostrando um compromisso real com a proteção de ativos.
Em 29 de agosto de 2025, a Receita Federal publicou a Instrução Normativa RFB nº 2.278/2025, colocando fintechs sob o mesmo rigor regulatório dos bancos tradicionais. Agora, essas empresas devem:
Paralelamente, as Resoluções 494 a 498 do Banco Central elevam padrões de segurança, governança e resiliência cibernética, exigindo auditorias independentes para PSTIs e critérios mais rigorosos para participação no Pix.
Para transformar o desafio em diferencial competitivo, as fintechs devem implementar uma cultura de segurança em todos os níveis, investindo em tecnologias e processos:
Essas ações garantem não apenas a mitigação de riscos, mas também promovem confiança contínua dos clientes e fortalecem a reputação da marca.
Mais do que tecnologia, a confiança do usuário depende de uma comunicação clara e transparente. Educar o público sobre riscos e compartilhar boas práticas cria um ambiente colaborativo em que clientes se tornam aliados na defesa contra fraudes.
Adotar canais de denúncia e oferecer suporte ágil em caso de incidentes demonstra compromisso genuíno com a segurança, reforçando a percepção de responsabilidade e cuidado.
Concluindo, a jornada rumo a uma cibersegurança eficaz nas fintechs exige visão estratégica, investimento contínuo e um sólido arcabouço regulatório. Só assim será possível aliar inovação financeira à proteção do usuário, consolidando um mercado mais seguro e próspero para todos.
Referências