Entramos em uma nova era em que a tecnologia redefine as bases do crédito, tornando-o mais acessível, personalizado e inclusivo.
O mercado global de embedded finance tem demonstrado um crescimento impressionante, projetado para ultrapassar US$ 138 bilhões em 2025. No Brasil, o incremento é expressivo: em 2024, as fintechs concederam R$ 35,5 bilhões em crédito, um aumento de 68% em relação ao ano anterior.
Fatores como o ambiente regulatório favorável e ampla adoção de pagamentos digitais (Pix, QR Code) criam um contexto propício para inovações variadas. Investimentos no setor também dispararam: R$ 14 bilhões aprovados pelo Finep e BNDES para projetos de inovação em 2025, um salto de 209%.
Esses números demonstram não apenas a evolução do mercado, mas também a confiança de investidores e consumidores em soluções financeiras digitais.
A aplicação de inteligência artificial tem se mostrado um divisor de águas na análise de crédito e prevenção de fraudes. Segundo estudos, 67% das fintechs já desenvolvem ou estudam soluções baseadas em IA.
Essas plataformas utilizam algoritmos avançados para processar grandes volumes de dados, permitindo decisões mais rápidas e precisas. Além disso, 44% apostam em IA generativa para criar modelos preditivos e 17% em IA responsiva para automação de tarefas de rotina.
A automação de processos internos e back office reduz custos e aumenta a agilidade operacional, liberando equipes para iniciativas estratégicas.
O Open Finance e APIs financeiras oferecem outro impulso fundamental. Com soluções plug-and-play de integração, empresas de diversos segmentos podem adicionar serviços financeiros rapidamente, melhorando a experiência do usuário.
A Drex, moeda digital do Banco Central, utiliza DLT e contratos inteligentes para oferecer um ambiente transparente e seguro. Essa iniciativa viabiliza a criação de garantias digitais processadas de forma instantânea e descentralizada.
Em breve, um superaplicativo reunirá tabelas de ativos – imóveis, veículos, ações – em um só lugar, facilitando avaliações de crédito e simulando operações de forma dinâmica.
Esse formato cria um modelo de relacionamento contínuo, no qual cada interação gera dados que aprimoram futuras concessões e reduzem riscos.
Três abordagens vêm ganhando destaque pela eficiência e escalabilidade:
Esses modelos quebram barreiras tradicionais e aceleram a democratização do acesso ao crédito.
As micro e pequenas empresas representam um público-chave para a expansão de crédito. Fintechs vêm oferecendo desconto de duplicatas, capital de giro de curto prazo e antecipação de recebíveis com taxas competitivas.
O uso de dados preditivos permite enxergar o cliente em sua totalidade, incorporando histórico de pagamentos, fluxo de caixa e até dados alternativos de consumo.
Garantias variadas – consignados, recebíveis, aplicações financeiras e imóveis – ampliam as possibilidades, garantindo segurança para credores e flexibilidade para tomadores.
Além disso, programas de educação financeira orientam empresários e consumidores sobre planejamento, controle de custos e gestão de riscos, fortalecendo a saúde financeira de toda a cadeia.
O Brasil possui um quadro regulatório em constante evolução, com exigências claras em relação à LGPD e às normas do Banco Central.
A digitalização de garantias e de processos de compliance traz ganhos de eficiência, mas requer investimentos em segurança cibernética, governança de dados e auditorias contínuas.
Empresas que se destacam no mercado são aquelas que abraçam a inovação sem flexibilizar padrões de governança, construindo confiança e solidez institucional para atrair investidores e clientes.
A convergência de IA, dados avançados e infraestruturas abertas pavimenta o caminho para um sistema financeiro mais inclusivo e sustentável. Cada inovação tem potencial de reduzir custos, melhorar a experiência do usuário e ampliar a capilaridade.
Para que essa transformação se concretize, é essencial promover parcerias entre fintechs, bancos, reguladores e empresas de tecnologia, criando ecossistemas colaborativos que valorizem a experimentação e a melhoria contínua.
Estratégia de colaboração entre fintechs e instituições tradicionais será crucial para impulsionar a próxima onda de soluções financeiras e garantir que o crédito chegue onde for mais necessário.
À medida que as tecnologias emergentes se consolidam, devemos pensar no impacto social dessas mudanças. O acesso facilitado ao crédito pode promover a redução da desigualdade, a criação de novos negócios e a geração de emprego nas regiões mais remotas.
Além disso, a transparência e a eficiência proporcionadas por DLT e contratos inteligentes contribuem para a confiança do cidadão, incentivando a participação ativa na economia digital. Projetos de crédito educativo, baseados em gamificação e conteúdo interativo, também têm o potencial de transformar hábitos de consumo e fomentar uma cultura financeira mais saudável.
Ao unir inovação e responsabilidade social, construímos um ecossistema onde o crédito deixa de ser um privilégio e se torna um direito acessível a todos, democratizando oportunidades e fortalecendo o tecido econômico do país.
O futuro do crédito é uma oportunidade única de combinar inovação tecnológica e propósito social, democratizando o acesso a recursos e potencializando o crescimento econômico.
O convite é claro: precisamos de mentalidade aberta, coragem para testar novas abordagens e compromisso com a inclusão. Somente assim construiremos um mercado de crédito mais justo, eficiente e transparente.
Tecnologia e propósito caminham lado a lado, e cada um de nós tem um papel a desempenhar nessa jornada de transformação. Seja protagonista dessa história e ajude a desenhar o próximo capítulo do crédito no Brasil.
Referências